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Este título só tem cabimento se o enquadrarmos no conceito de seriedade da vida, ou seja, na verdade do que se faz, se pensa, se diz e se comunica. Como educadores, não podemos demitir-nos da obrigação de sermos pontes entre a cultura recebida e a que queremos ver continuada nos nossos mais próximos. É uma questão de ideal. Por isso, prezo o conceito de integridade aplicado às pessoas de personalidade ímpar, de carácter honesto, de temperamento afável. Estas pessoas são verdadeiras, atrativas, socialmente bem aceites, moralmente bem constituídas. Nelas não há dolo nem mentira nem segundas intenções. São de uma franqueza insuspeita e criam à sua volta a certeza da disponibilidade e da prontidão. São íntegras, inteiras, felizes por fazerem felizes os outros. Estas características definem a integridade moral e, em simultâneo, exigem a integridade cívica. Acontece que a integridade cívica está na base da integridade moral. Se aquela se desmorona ou desintegra ou estilhaça, logo se nota a sua influência negativa na integridade moral. Basta que se aplique aquele princípio sociológico: “faz como toda a gente faz” e, de imediato, começam a imperar estilhaços de integridade na educação e na vivência de valores. Como a relação familiar pais-filhos não resulta de um livro de instruções, mas da boa vontade na construção de um lar, onde o amor tem primazia face a qualquer ideologia, é que à família compete a primeira educação, aquela que forma o carácter e abre caminhos para a vida de relação. A família compete incutir regras comportamentais, esquemas apropriados ao cumprimento dos deveres e à reivindicação dos direitos. A Escola é meramente subsidiária. Complementa a educação afetiva familiar, desenvolve as capacidades racionais da criança e é específica para o civismo e a cultura, não para a formação do carácter.

Na Escola, aprende-se a conviver civicamente. Em família, aprende-se a “fazer o bem e a evitar o mal”. Acontece que as exigências impostas pelo atual modo de vida em família e em sociedade trazem algumas consequências a merecer reparos. Por exemplo, a utilização afunilada de smartphones e de outros instrumentos eletrónicos não deixa os filhos ouvir qualquer advertência ou incentivo ou reparo vindos da mãe ou do pai. Da mesma maneira a forma como alguns pais “acham” que deve ser a tolerância educativa faz que, sem o mínimo de preocupação, os filhos andem à deriva numa errada autoeducação. E da mesma maneira o peso ideológico e partidário cria preconceitos contrários à aceitação dos reparos vindos de quem pensa diferente. Onde estas perspetivas fazem mais sangue é nas Escolas aquando de reuniões convocadas pelo diretor de turma e provocadas pelo mau comportamento daquele menino ou daquela menina. Os professores e educadores é que são os maus da fita, que o filho ou filha são uns santinhos. Tudo isto merece reparos, já que soa a oco e a vazio. Lembremo-nos que são poucas as pessoas presas que tiveram uma séria educação familiar e não se deixaram contaminar por quem a não teve. Pelo contrário, os tribunais todos os dias julgam crimes cuja origem está na falta de integridade educativa, vivida e comunicada. De facto, há cada vez mais estilhaços de integridade.

Cón. Manuel Maria in a Defesa, 25 de setembro de 2019


 

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