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Uma escola para o século XXI

O século XX trouxe todos à escola, conseguiu-se que todos tivessem acesso à educação. Depois foi preciso que a escola fosse mais do que o lugar onde se adquire (in)formação, transmissão de saberes e conhecimentos; foi preciso que a escola promovesse uma vida com satisfação e plenitude individual e ensinasse a convivência social, levando os alunos a interiorizar valores, gostos, gests, comportamentos, hábitos e posturas que deixaram de ser ministrados pelas famílias.

O século XX foi considerado por alguns autores o século das crianças, uma vez que se revelou um momento histórico em que a defesa e promoção de um conunto de direitos em relação ao grupo social das crianças - provisão, proteção e participação -se afirmou.

Não é pois de estranhar que, no modelo de organização escolar, os alunos sejam chamados a participar no sentido de incluir no portefólio das aprendizagens a educação para a democracia, que pressupõe práticas de igualdade, de respeito e de justiça, para que todos sejam valorizados. Porém, verifica-se cada vez mais uma desmotivação de presença por parte dos alunos nos órgãos da escola,acompanhada da mesma reação adversa a participar em reuniões, mesmo no âmbito de projetos a que adiram voluntariamente. A falta de tempo por parte do aluno, a falta de interesse pelo bem comum, numa sociedade fortemente individualizadora, a descrença na resposta dos órgãos da escola, o desinteresse por parte dos restantes alunos para o conhecimento do que ficou decidido nas reuniões, são aspetos que justificam essa ausência, sendo a participação dos alunos mais visível em atividades informais, sobretudo em atividades informais, sobretudo em atividades de carácter lúdico ou solidário, em que eles sintam que podem fazer a diferença se participarem. O sistema educativo de preocupar-se em dotar e preparar os alunos para uma participação social ativa, mas não é concebendo os órgãos escolares como réplicas dos órgãos políticos nacionais que se atinge esse objetivo; chamar os alunos a participar e não se encarar os representantes do(s) seu(s) grupo(s) como intervenientes com interesses e finalidades específicas reconhecendo-lhes o(s) podere(es) e influência(s) capazes de desencadear situações de conflito, de coligação e de negociação, com quem detém poder decisório, é por si só errado e desmotivador.

A educação para a cidadania deveria ser uma disciplina transversal incluída no portefólio das aprendizagens e com um curriculum abrangente que abarcasse desde a forma como cada um se deve comportar em público, até à participação na política ativa e o voto.

Com o recente “convite” do Ministério de Educação para que as escolas construam uma parte dos seus curricula, parece ter chegado a altura de não esquecer esta área que tem vindo a ser arredada da formação dos nossos jovens, com as sucessivas reformas a prescindir sistemicamente das áreas de projeto, e das disciplinas de formação cívica.    

Isabel de Castro in “Missões Franciscanas”.junho 2016

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